quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Qualificando o Próximo



Ao criticar uma teologia que defende que Deus abriu mão do conhecimento do futuro, Ariovaldo Ramos mostra que a teologia tem de ter um mínimo de lógica.


"Quem é o meu próximo?", pergunta para Jesus o mestre da lei (Lucas 10.29). Jesus, então, conta a parábola do samaritano. Daí devolve a pergunta ao doutor: "Quem foi o próximo do homem que caiu na mão dos salteadores?" De fato, Jesus não a devolveu exatamente, mas a refez. Da forma como a elaborou, ele sugeriu que o mestre da lei ao invés de perguntar "Quem é o meu próximo?" deveria ter perguntado "De quem devo ser próximo?". E a resposta é clara: daquele que você vê que precisa de você.


Essa resposta qualifica o próximo a quem se deve amar como o necessitado, o despossuído, o abusado, o explorado, e a única condição prévia para sua qualificação é que ele seja visto. Isto justifica trazer à tona toda a ordem de abuso e desrespeito ao ser humano para que ele possa ser visto e amado, ou seja, socorrido. Este socorro pode vir por meio do impedimento da violência – o que é mais eficaz – ou restaurando-se o indivíduo que a sofreu.


O próximo não é todo mundo, porque todo mundo não é ninguém – o próximo é o necessitado. Jesus, na parábola, também qualifica o que significa ver alguém. Aparentemente, todos os protagonistas viram o homem na beira da estrada, porém só um se compadeceu com uma compaixão ativa. Foi este quem de fato o viu.



O bispo irlandês Geoge Berkeley disse que "ser é ser percebido". Nesta parábola,
Jesus qualifica que tipo de percepção dá ao observado a qualidade ontológica.


Nesta história, Jesus também qualifica o ser humano, mormente o necessitado, como prioridade máxima. Isto ocorre quando ele menciona que o samaritano, provavelmente um negociante, submeteu sua agenda à necessidade do outro, parando, socorrendo-o, cedendo-lhe o animal e diminuindo drasticamente seu ritmo, tendo ainda lançado mão de seus próprios recursos para tratar do necessitado e se comprometido com a total restauração do mesmo.
Portanto, o desafio que se apresenta ao cristão e à comunidade cristã na parábola do samaritano é o de se aproximar do necessitado. O próximo está qualificado
Fonte: Ariovaldo Ramos

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