quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Qual será nosso Futuro?


Ao refletir sobre a situação de nosso sistema sócioambiental me questiono qual será nosso futuro? Os prognósticos dos especialistas mais sérios são ameaçadores. Há uma data fatídica ou mágica sempre aventada por eles: o ano 2025. Quase todos afirmam: se nada fizermos ou não fizermos o suficiente já agora, a catástrofe ecológica humanitária será inevitável.


O relatório “State of the Future 2009”(O Globo de 14.07/09) feito por 2.700 cientistas diz, enfaticamente, que devido principalmente ao aquecimento global, por volta de 2025, cerca de três bilhões de pessoas não terão acesso à água potável. Que significa dizer isso? Simplesmente que esses bilhões, se não forem socorridos, poderão morrer por sede, desidratação e outras doenças. O relatório diz mais: metade da população mundial estará envolvida em convulsões sociais em razão da crise sócio-ecológica global.


Paul Krugman, prêmio Nobel de economia de 2008, sempre ponderado e crítico quanto à insuficiência das medidas para enfrentar a crise sócio-ambiental, escreveu recentemente: “Se o consenso dos especialistas econômicos é péssimo, o consenso dos especialistas das mudanças climáticas é terrível” (JB 14/07/09). E comenta: “Se agirmos da mesma forma como agimos, não o pior cenário, mas o mais provável, será a elevação de temperaturas que vão destruir a vida como a conhecemos.”


Os cenários referidos acima nos obrigam a soluções que mudam o quadro global de nossa vida na Terra. Não dá para continuar ganhando dinheiro com a venda do direito de poluir (créditos de carbono) e com a economia verde. Se o gênio do capitalismo é saber adaptar-se a cada circunstância, desde que se preservem as leis do mercado e as chances de ganho, agora devemos reconhecer que esta estratégia não é mais possível. Ela precipitaria a catástrofe previsível.
Para termos futuro devemos partir de outras premissas: ao invés da exploração, a sinergia homem-natureza, pois Terra e humanidade formam um único todo; no lugar da concorrência, a cooperação, base da construção da sociedade com rosto humano.




O passado serve para evidenciar as nossas falhas e dar-nos indicações para o
progresso do futuro.Henry Ford


Fonte:
Leonardo Boff é co-autor com Mark Hathaway de The Tao of Liberation. En Exploration of Ecology of Transformation, N.York a sair em breve.
CURRY Agusto O Futuro da Humanidade, 2001, pg.94.

LIVRO- O Escândalo do Comportamento Evangélico



Quem nós somos e quem Deus nos chama a ser? Os evangélicos afirmam crer nos valores bíblicos e no poder de Deus de transformar vidas. Contudo, pesquisas demonstram que muitos não vivem de modo diferente do resto do mundo. De dinheiro a sexo, de racismo a realização pessoal, um escandaloso número de cristãos não vivem o que pregam.


O Escândalo do Comportamento Evangélico revela a profundidade do problema e contrasta-o com o ensino bíblico.“De vez em quando, alguém precisa ‘pisar no calo’ da igreja. A leitura deste livro pode fazer com que a dor fique estampada em seu rosto, mas essa dor do auto-exame vale a pena. Faça-o chegar às mãos de seu pastor, de seu grupo de estudo bíblico, de seu professor de escola dominical. Incentive-os a encarar esses sérios desafios e a despertar a igreja para as demandas do discipulado.” David Neff, editor e vice-presidente da revista Christianity Today “Nos últimos trinta anos, desde que Ronald Sider colocou o dedo na ferida da consciência dos evangélicos com a publicação de Cristãos Ricos em Tempo de Fome, o evangelicalismo perdeu o status de ser uma contracultura.


O Escândalo do Comportamento Evangélico nos convoca, mais uma vez, a levarmos a sério o evangelho. Para o bem da sociedade — e de nossa própria alma.” Randall Balmer “Quando o comportamento de membros de um grupo religioso é um pouco melhor — ou às vezes pior — que o de seus vizinhos, líderes e membros desse grupo devem ficar atentos. Devem fazer algumas perguntas profundas, não apenas sobre seu comportamento, mas também sobre os sistemas que o produzem e sustentam. O Escândalo do Comportamento Evangélico me estimula a fazer esse tipo de pergunta.” Brian McLaren “Se você já se perguntou por que os evangélicos de hoje não exercem a influência social que seus números deveriam sugerir, Sider oferece uma resposta em O Escândalo do Comportamento Evangélico.” Duane Littin, presidente do Wheaton College

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Teológos- 1º Marcião(110-160)

Começarei uma serie de estudos sobre teológos cristãos que marcaram nossa teologia com suas doutrinas e questionamentos.

Marcião de Sinope (110-160) foi um teólogo cristão e fundador do que veio depois a ser chamado marcionismo. Foi o autor das "Antíteses". De acordo com a sua teologia o Antigo Testamento deveria ser rejeitado e apenas os textos que ele atribuiu a Paulo deveriam ser tidos como sagrados.


Inicialmente Marcião era filho de um bispo da Igreja, mas depois se separou dela por causa de suas discordâncias doutrinárias. Alguns sustentam a teoria de que foi por causa de imoralidade, então foi expulso. As visões sobre Marcião variam muito. Policarpo de Esmirna chamou-o de "primogênito de satanás".


É considerado o primeiro crítico bíblico. Considerava que o Deus vingativo do Antigo Testamento não poderia ser o mesmo Deus amoroso a que Jesus se referia como Pai, e por isso, achava que só o Novo Testamento interessaria aos cristãos. Mas Marcião também não aceitava os quatro evangelhos canônicos, pois os considerava corruptos, cheios de falsificações.


Na doutrina de Marcião havia assim um Deus bom e um Deus mau. O primeiro ficava em um plano superior. Num plano abaixo na criação estava o Deus venerado pelos hebreus, a qual Marcião chama de Deus da Lei. Em um terceiro plano estavam os anjos (ou arcontes) e o quarto e último plano era "Hyle" (matéria em grego). O Cristo havia sido enviado pelo Deus bom para libertar as almas do plano material. Foi o primeiro a citar o nome do apóstolo Paulo em suas 140 cartas havendo mesmo quem avance que este último teria sido forjado por Marcião ou ainda que Marcião e o apóstolo Paulo seriam a mesma pessoa.


Junto com Valentim e Basilides, Marcião é considerado um dos grandes doutrinadores gnósticos.
Algumas idéias de Marcião reapareceram entre os bogomilos e os cátaros nos séculos XII e XIII.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Ação Social e o Pr. Robin Hood


Já faz algum tempo que venho pensando a respeito da chamada Missão Integral da Igreja. Recentemente participei do Fórum de Missão Integral promovido pela 1° Igreja Batista do Rio de Janeiro que tinha como palestrantes os pastores Neil Barreto(Igreja Batista Betânia), Clemir Fernandes(Instituto de Estudos da Religião) e Ariovaldo Ramos(Comunidade Cristã Reformada). Foi muito interessante, mas uma pergunta me veio à mente neste fórum e até não consegui uma resposta. Um dia estava conversando sobre o assunto um grande amigo, interlocutor e militante pela causa social - Felippe Patrício - e fui estimulado escrever este artigo que pretendo enviar para estes três ilustres pensadores cristãos.


LAUSANNE E MOVIMENTO DE DIRETRIZ EVANGÉLICA

Fiquei sabendo do Fórum de Missão Integral durante um evento na capela do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil - Tijuca - Rio de Janeiro. Era um evento comemorativo Movimento de Diretriz Evangélica.
Aprendi neste dia que estes conceitos mais bem formulados de justiça social existem mesmo antes de Lausanne I (1974) - Na verdade eu me converti em 2000 e não sei se ter demorado tanto pra saber mais sobre isso é culpa das igrejas e pastores ou minha?!?!
A partir disso já temos algumas perguntas:
Desde quando a igreja evangélica no Brasil leva a questão social a sério?
Ela leva a sério?
O prólogo do Pacto de Lausanne fala do reconhecimento de uma falha na evangelização mundial e o que podemos dizer sobre este assunto 25 anos depois?
Acho que não evoluímos muito nestes 25 anos.


O FÓRUM DE MISSÃO INTEGRAL

O Fórum foi muito interessante e característico. Não havia muitas pessoas... excelentes preletores e bons diálogos. Inversamente diferente de certos eventos evangélicos regados a muita egolatria midiática e/ou pirotecnia-emocional.
O Fórum falou sobre algumas possibilidades de conceituação dos diversos termos envolvidos com a matéria como Assistência Social, Ação Social, Justiça Social e etc. A violência, o papel do estado, o papel da igreja, as bases teológicas e as bases bíblicas também. Mas o Pr. Clemir Fernandes fez uma colocação interessante em sua fala: "Mas é preciso investimento. O Pr. Neil está aqui e sua igreja precisou fazer um grande investimento"1 e logo passou a outras considerações. Mas como o Pr. Neil fala "Não é um sermão ou um livro que marca sua vida, as vezes é apenas uma frase". Esta frase do Pr. Clemir Fernandes me marcou.


MINHA REALIDADE

Tenho 27 anos, me converti em 2000, aos 17 anos, numa igreja batista do sub-bairro pobre do Jardim Maravilha - Guaratiba - Zona Oeste do Rio de Janeiro. Moro atualmente em Magalhães Bastos, bem ao lado da I.B. Betânia e conheço razoavelmente bem a realidade da igreja pastoreada pelo Pr. Neil. Mas continuo congregando no mesmo local, ou seja, enfrento 1:20min - 2 ônibus - quase uma dezena de comunidades violentas e pobres.
Formei-me em teologia recentemente e estou fazendo o processo de Integralização dos créditos do diploma para que eu passa fazer uma pós-graduação reconhecida pelo MEC. Penso em Ciência da Religião no IBEC-RIO
Sou noivo de uma jovem que está na África em um projeto missionário.
Tenho formação técnica em informática e trabalho no centro do Rio como contratado da Petrobras.

Freqüento eventualmente IB Betânia e estimulo a muitos amigos a ouvirem as mensagens Pr. Neil na internet (Muitos já ouvem mais do que eu). Ouço muitas mensagens do Pr. Ariovado e do Pr. Ed René no site da IBAB e já tive o prazer de estar com o Pr. Clemir Fernandes e trocar alguns emails.

Pelas minhas referências citadas acima, pelas leituras e os professores de seminário, acabei tornando-me uma pessoa naturalmente inconformada com as igrejas evangélicas, ou melhor, com algumas igrejas evangélicas locais. Que fique claro, não sou revoltado com as igrejas, sou inconformado! Tanto que ainda não as abandonei e nem pretendo (com exceção de algumas igrejas neo-pentecostais de mídia). Tanto que estou inscrito no Lutando Pela Igreja que deve acontecer aqui no Rio de Janeiro.


REALIDADE DO LOCAL DA MINHA COMUNIDADE CRISTÃ

1º Igreja Batista Jardim Maravilha. Fica num sub-bairro do subúrbio da Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Um enorme conjunto habitacional, as beiras de brejos alagadiços próximos a Restinga da Marabaia e a Serra da Grota Funda. São milhares de habitantes, pouca presença do Estado nas estruturas básicas de saneamento, asfalto e saúde.
Alta taxa de gravidez na adolescência, alta taxa de natalidade nas famílias, alto número de divórcios, baixa taxa de escolaridade e de profissionalização, baixa renda per capita, baixa taxa de empregos formais.
Sem a presença "formal" do tráfico, com alguma presença de milícia, suficiente para gerar disputa de controle e mortes.
Na igreja falta de recursos financeiros e recursos humanos preparados e voluntários.


Proposta do Pr. Clemir Fernandes
"Mas é preciso investimento. O Pr. Neil está aqui e sua igreja precisou fazer um grande investimento"


A GRANDE PERGUNTA:

"Como?"
Eu falava com meu amigo Felippe que está iniciando um projeto social em Guaratiba. Ele pertence a uma igreja menor numericamente, mas mais abastada financeiramente do que a minha.
Eu disse: "Felippe, olha minha crise: A sua igreja tem menos gente e mais dinheiro do que a minha, além de menor número de pessoas necessitadas na igreja e na comunidade. A minha igreja tem mais gente e tem menos dinheiro do que a sua, além de maior número de pessoas necessitadas dentro e fora da igreja"
E agora José?"

AS POSSIBILIDADES:

Estive pensando em projetos de ação social auto-sustentáveis, parcerias como empresas, em ações de cobrança junto ao estado e etc.
Mas tudo isso ainda passa por ações de capitação de recursos externos ao seio da igreja.
As pessoas de igrejas pobres esperam mais as bênçãos e os milagres de Deus do que a ajuda do próximo, por isso igrejas de discurso mais carismático como dos nossos irmãos da Ass. de Deus são tão bem recebidos no Brasil.
Tenho um amigo que diz: as pessoas não estão preocupadas com o Reino de Deus e sua Justiça, elas querem "Pão e circo". Na verdade elas querem se realizar minimamente.
Algumas pessoas de igrejas pobres têm até vontade de ajudar, mas eles mal têm pra si.


O QUESTIONAMENTO

O questionamento que está perturbando minha mente é, de certa forma, um questionamento ético.
Como futuro pastor, será que eu tenho que dar "pão e circo" ao povo que tem mais recursos, tirar deles "ofertas de fé" e depois dá-las aos pobres em formar de ações de justiça social?
Será que eu terei que ser um Pr. Robin Hood pra tentar promover alguma justiça social?
Vocês (Ariovaldo, Neil e Clemir) conhecem bem o assunto e conhecem filosofia.
Como isso tudo funciona nestes casos? Isso é ético, se feito assim?
Não consigo me ver fazendo isso! Mas sei que pedir dinheiro a igreja de pessoas pobres para dar para outras pessoas pobres não funciona muito. E sei que pedir dinheiro prometendo "Pão e circo" funciona!
Minha igreja não tem médicos voluntários, não tem advogados voluntários, não tem psicólogos voluntários.
Minha igreja, quando muito, tem pedreiros voluntários, eletricistas voluntários, mecânicos voluntários.
Todos sem formação suficiente pra ministrar algum curso profissional.

Forte Abraço!

Marcos Nunes
Analista de Sistemas SAP
Bacharel em Teologia
Cursando Licenciatura em Teologia pelo MEC


[1]Falando sobre o CASS - Centro de Cidadania e Atividades Sociais da Igreja Batista Betânia
http://www.ibbetania.com/2009/06/acao-social-ccas/

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Sustentabilidade Cristã


Faz alguns dias que venho pensando sobre a importância da sustentabilidade em nossa sociedade, como as simples atitudes poderiam mudar a realidade social e ambiental de nosso planeta, sobre uma consciência de preservação que não visa só o meu bem estar, mas também envolve as gerações futuras, um pensamento que combate as características individualistas de uma época pós-moderna.

Sustentabilidade é um conceito sistêmico, relacionado com a continuidade dos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade humana.

Propõe-se a ser um meio de configurar a civilização e as atividades humanas, de tal forma que a sociedade, os seus membros e as suas economias possam preencher as suas necessidades e expressar o seu maior potencial no presente, e ao mesmo tempo preservar a biodiversidade e os ecossistemas naturais, planejando e agindo de forma a atingir pró-eficiência na manutenção indefinida desses ideais.

Colocando em termos simples, a sustentabilidade é prover o melhor para as pessoas e para o ambiente tanto agora como para um futuro indefinido. Segundo o Relatório de Brundtland (1987) , sustentabilidade é: "suprir as necessidades da geração presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprir as suas.”

Ao mesmo tempo em que observo a importância dessa consciência, para nossa sociedade faço um paralelo com o que chamarei de Sustentabilidade Cristã que tem seu pensamento alicerçado na importância de preservarmos uma consciência ético-cristã, baseado nos ensinos de Jesus Cristo, para que nossas gerações futuras possam experimentar de maneira sadia o que hoje chamamos de cristianismo.

Em uma sociedade religiosa cristã os valores éticos estão sendo destruídos por um “cristianismo” imediatista que visa o bem estar pessoal e por uma teologia que se utiliza da necessidade social para alcançar seus objetivos econômicos explorando o necessitado, destruindo as verdades do cristianismo, esmagando com a graça de Deus e neutralizando o amor pelo próximo.

Temos que abrir nossos olhos para importância que a sustentabilidade ético-cristã tem para nossa realidade cristã, só assim iremos prosseguir com “ide de Jesus”, caso contrario estaremos fadados ao insucesso da evangelização.

Então fica o questionamento: O que faremos?

Felippe Patrício

Empresário do Setor de Telecomunicações
Graduando em Teologia


[1] http://pt.wikipedia.org/wiki/Relat%C3%B3rio_Brundtland